segunda-feira, 30 de agosto de 2010

O poço das violetas

Pela abundância de cerejeiras na primavera e por ter sido cenário de batalhas sangrentas ao longo da história. Ao pé da montanha, fica o penhasco Shimizu, apelidado de poço das violetas, por estar cheio de flores.

Há muitos e muitos anos, Hime, uma bela princesa de 16 anos, filha de Asano Zembei, o senhor feudal da região, chegou ao vale, acompanhada de suas damas para colher flores campestres.

Quando Hime esticou sua mão para colher as violetas roxas, uma grande serpente da montanha surgiu entre as plantas, fazendo-a gritar e desmaiar de susto.

Matsu, uma das acompanhantes, ouviu o grito da princesa e, ao vê-la desmaiada, constatou que uma serpente verde estava enrolada ao lado de sua cabeça. Instintivamente, atirou seu cesto de flores na serpente, que fugiu, deslizando pela relva.

As meninas esfregaram as mãos da princesinha e tentaram recuperar seus sentidos. Porém, ela foi ficando mais pálida.

Nesse momento, ouviram uma voz:

– Não se desesperem. Posso ajudar a princesinha, se me permitirem.

Quando elas levantaram as cabeças, viram um belo jovem vestido como onmyoji (mestre do Ying e Yang em chinês).

– Parece um tennin (anjo celeste) – comentou baixinho uma das meninas.

O jovem tomou o pulso da princesa. No pé esquerdo, encontrou marcas das presas da serpente. Tirou do bolso um frasco com um remédio que, com a ajuda de Matsu, fez a Princesinha beber.

Algum tempo depois, Hime despertou e, aos poucos, foi ficando boa.

– Graças ao seu medicamento, estou salva. Posso saber o seu nome?

O curandeiro não respondeu, mas deu um sorriso de satisfação e afastou-se até desaparecer nas névoas da primavera.

No palácio e sabendo do ocorrido, os pais de Hime ficaram satisfeitos pela recuperação da filha. Nos quatro dias que se seguiram, Hime recuperou a saúde. Mas, no quinto dia, ficou acamada. Não conseguia dormir, não tinha vontade de falar e foi enfraquecendo dia a dia.

Asano Zembei e sua esposa fizeram de tudo para salvar a filha. Naquele clima de lamúrias Matsu pediu audiência com o senhor feudal. Diante das circunstâncias, ele consentiu em ouvi-la.

Matsu contou ao senhor feudal que a doença de Hime não se curava com remédios. Disse que ela estava completamente apaixonada pelo seu jovem benfeitor.

– E quem é esse moço? Qual é o nome dele? – perguntou Asano.

– É um curandeiro jovem, educado, mas não disse seu nome. Deve ter nascido nas classes sociais mais baixas. A classe dos párias, dos etas. Seu nome deve ser Yoshisawa, estava escrito no frasco de remédio que ele deu à Princesinha.

A mãe de Hime sugeriu ao marido dizer à filha que entrevistariam o moço como pretendente à sua mão em casamento.

– Sabemos que esse casamento é impossível. Porém, devemos guardar segredo e ganhar tempo para que ela se recupere. Isso vai devolver as energias a nossa filha!

Hime soube por sua mãe que seu pai entrevistaria seu amado como seu pretendente e sua vida voltou ao normal. Então, ela foi à sala de audiências do palácio.

– Minha querida – disse Asano – é impossível sua união com seu amado. Embora ele seja um moço de excelente qualidade, tem origem eta. A partir de hoje, o nome dele não deve ser mencionado.

Na manhã seguinte, Hime havia desaparecido. Três dias depois, encontraram seu corpo coberto pelas violetas do vale. Inconsolável, Yoshisawa, atirou-se do penhasco Shimizu.



Autor: Claudio Seto

Um lírio de 33 flores


Texto e desenhos: Claudio Seto


Certo dia, perto de Aomori, um jovem lavrador vinha voltando da cidade e viu duas meninas sentadas sobre uma rocha à beira de um riacho. Percebendo que elas estavam tristes, o moço perguntou se havia acontecido alguma coisa desagradável.

Elas responderam simultaneamente:

– Há muitos anos, moramos na casa do milionário Magozaemon, mas agora estamos de mudança para a casa do lavrador Jinbei, porque Magozaemon ficou pobre e perdeu a sua casa.

O moço, que já havia ouvido várias histórias sobre Zashiki Warashi (crianças que aparecem nos quartos à noite), lembrou que essas criaturas estranhas trazem prosperidades enquanto estão morando em determinada casa. Porém, quando elas resolvem abandoná-la, começa a decadência, podendo levar o recinto a falir, trazendo a pobreza.

Diante disso, o jovem lavrador ficou muito preocupado.

– Será que são Zashiki Warashi?

Realmente, algumas semanas depois, correram notícias de que os negócios do milionário Magozaemon iam de mal a pior e, tempos depois, a empresa do milionário acabou por falir.

Na aldeia vizinha, havia um lavrador de nome Jinbei, que havia sido pobre durante toda a vida, porém a situação começou a melhorar aos poucos.

Certa noite, Jinbei teve um sonho quase real, no qual duas meninas diziam para ele procurar um lírio com 33 flores e cavar até suas raízes, onde poderia encontrar uma coisa boa.

Na manhã seguinte, Jinbei encontrou o jovem lavrador e contou seu estranho sonho.

– Elas são Zashiki Warashi e estão morando em sua casa – disse o amigo, contando tudo o que ele havia ouvido tempos atrás, das meninas na rocha à beira do riacho.

Jinbei, entusiasmado, saiu à procura das flores de lírio. Como não era época de florada, andou por campos e montanhas, mas nada encontrou. Persistente, continuou mais meio ano procurando, até que começou a duvidar da existência de um pé de lírio com tantas flores.

Um dia, quando voltava cansado de andar pelas florestas e jardins em busca daquelas flores, sentou-se numa rocha na beira do riacho e começou a resfriar os pé cansados nas águas. Qual não foi sua surpresa ao avistar, na outra margem, um pé de lírio carregado de flores. Atravessou o riacho e contou quantas flores havia naquela planta. Exatas 33 flores foram contadas. Imediatamente, Jinbei cavou até a sua raiz e encontrou sete potes cheios de moedas de ouro!

Assim, Jinbei virou um milionário do dia para a noite. Parou de cuidar da roça e viveu fazendo farra com bebidas e mulheres. Um dia, porém, alguém viu duas crianças saírem de sua casa. Em pouco tempo, o dinheiro foi acabando e ele tornou-se mais pobre do que era.

Zashiki Warashi é assim. Aparece e desaparece sem motivo específico. Embora os casos aqui narrados sejam bastante antigos, hoje, existem lendas urbanas recentes no Japão que falam da presença desses seres em várias cidades.





A história de um velho lenhador

Era uma vez, aconteceu um fato insólito em Miho (hoje província de Gifu). Havia um velho lenhador que morava junto com sua velha companheira, numa pequena casinha ao pé da montanha. Apesar de pobres, viviam agradecendo aos deuses da Natureza por ter lhes dado muita saúde e longa vida. Seu único lamento era o de não ter tido filhos na juventude. Agora, com a idade avançada, sentiam uma inexplicável solidão. Como se faltasse algo para preencher os últimos anos de suas vidas. Para consolar o irremediável, o casal mergulhava nas lembranças românticas e trazia à tona saudosos momentos dos tempos dourados da mocidade.

Certa ocasião, o velho lenhador saiu para catar galhos de árvores no mato e, levado por nostálgicas lembranças, resolveu percorrer as antigas trilhas do seu passado como jovem lenhador. À medida que caminhava, foi notando que a paisagem estava se tornando diferente do que conhecia, até que, em dado momento, já não sabia onde estava.

Cansado de andar, parou junto a uma fonte de águas cristalinas e resolveu matar a sua sede. Com as mãos em formato de concha, bebeu lentamente aquela água gostosa, que desceu banhando sua seca garganta. De repente, sentiu que sua canseira havia desaparecido e que seu corpo experimentava uma sensação de vigor há décadas perdida.

O lenhador olhou para sua imagem refletida na água e levou um susto. Sua farta barba branca havia desaparecido juntamente com as rugas. No lugar da pele flácida e enrugada, vibravam músculos cheios de energia. Um milagre! O velhinho havia recuperado toda a sua mocidade! Estava novamente com aspecto de quem tem 18 a 20 anos!

Feliz da vida, com um sorriso que só os descobridores da fonte da juventude possuem, o lenhador voltou para casa cantarolando.

Lá chegando, quase matou a velhinha de susto. Ela não acreditava no que via. Aquele moço lindo, por quem se apaixonara há cerca de 50 anos, estava sorridente em carne e osso a sua frente.

O “ex-velhinho” tratou de tranqüilizá-la contando toda sua milagrosa história. A velha botava as mãos na cabeça e dizia, eufórica: “Onde fica essa fonte? Dessa água eu beberei aos montes!”. O lenhador explicou o caminho detalhadamente e foi dormir. Queria descansar, pois a carga emocional havia sido demais para um dia só.

Antes mesmo de o sol raiar, a velhinha saiu em busca da juventude perdida. Ela chorava e ria ao mesmo tempo. Não conseguira dormir, pois estava ansiosa em saber que também se tornaria bela e formosa.

Ao despertar com o canto dos pássaros, o lenhador percebeu que sua mulher tinha saído em busca do rejuvenescimento nas límpidas águas da milagrosa fonte e ficou em casa preparando um gostoso almoço para comemorar uma nova lua-de-mel. Porém, o tempo foi passado, passando, passando, a comida esfriando, esfriando, esfriando, e nada de a velhinha voltar. Não agüentando mais a pressão da ansiedade, o velhinho remoçado correu para a floresta.

Gritou chamando a velhinha, porém somente o eco respondeu o seu apelo.

Horas depois, cansado de tanto procurar pela companheira, ele fez uma pausa. Desiludido na procura, o lenhador aproximou-se da fonte para descansar. Nisso, ouviu, em um arbusto, o choro de um bebê. No primeiro momento, pensou que se tratava de sua imaginação, mas, como o choro persistia, resolveu verificar.

Entre as folhagens que margeavam a fonte, havia uma criança abandonada. “Uma menina com poucos meses de vida. Quem teria feito uma coisa desalmada dessas?” Pensando isso, o lenhador pegou o bebê.

A menina era tão novinha, que ainda não sabia falar, mas havia um magnetismo em seus olhos que revelava uma experiência de longa data. Tomado de profunda emoção, o moço entendeu tudo:

– Essa não! É você, minha velhinha! Foste muito afoita à fonte e bebeste água demais. A sede da eterna juventude fez você beber com exagero, agora és uma recém-nascida!

O lenhador deu um suspiro e caminhou de volta para casa. O amor romântico que o casal tanto sonhara não seria mais possível. Com a menina nos braços enquanto caminhava, o rejuvenescido lenhador começou sentir um amor paterno. Compreendeu que era hora de cuidar e proteger, como pai, aquela que, por tanto tempo, foi sua companheira. Um presente da natureza: uma filha que nunca tivera a oportunidade de ter.


(Autor : Claudio Seto)

SUA VIDA NÃO É UMA COINCIDÊNCIA... É CONSEQÜÊNCIA DE VOCÊ!

"Um filho e seu pai caminhavam pelas montanhas.

De repente o filho cai, se machuca e grita:
- Aaai! Para sua surpresa escuta voz de repetir, em algum lugar da montanha:
- Aaai!
Curioso, pergunta:
- Quem é você?
Recebe como resposta:
- Quem é você?
Contrariado, grita:
- Seu covarde!
Escuta também:
- Seu covarde!
Olha para o pai e pergunta aflito:
- O que é isso?

O pai sorri e fala:
- Meu filho, preste atenção!
Então, o pai grita em direção a montanha:
- Eu admiro você!
A voz responde:
- Eu admiro você!
De novo o homem grita:
- Você é um campeão!
A voz novamente:
- Você é um campeão!

O menino fica espantado, não entende.
Então, o pai explica:
- As pessoas chamam isso de ECO, na verdade isso é a VIDA.
- Ela lhe dá de volta tudo o que você diz ou faz.
- Nossa vida é simplesmente o reflexo das nossas ações.
- Se você quer mais amor no mundo, crie mais amor no seu coração.
- Se você quer mais responsabilidade da sua equipe, desenvolva a sua responsabilidade.
- O mundo é somente a prova da nossa capacidade.

Tanto no plano pessoal, quanto no profissional,
a vida vai lhe dar de volta o que você deu a ela!!! "

SUA VIDA NÃO É UMA COINCIDÊNCIA...
É CONSEQÜÊNCIA DE VOCÊ!

(Desconheço a autoria)